TRANSPARÊNCIA - OBRIGAÇÃO DE TODOS

Publicado por Marco Navega em 9 de março de 2016
Precisa ser considerado uma cláusula pétrea (daquelas que não se pode alterar na Constituição): organizações da sociedade civil têm que ser transparentes acima de qualquer outra coisa. Nós lidamos com doações, com a transferência voluntária de recursos para nossas iniciativas, programas e projetos. As pessoas decidem livremente contribuir com nossas causas porque acreditam no que fazemos e no impacto das nossas ações.
Não dá para não ser transparente, e esse é um mantra que os CVBx têm obrigação de entoar dentro das suas respectivas organizações. Isto dito, a primeira questão que se apresenta é: e o que é ser uma organização transparente? Esta resposta não existe ainda de forma definitiva, e o próprio setor precisa se unir para discutir, e chegar a consensos sobre o que considera ser transparente. Mas já temos algumas pistas, alguns caminhos para todas nossas entidades: 1 - Deve ter uma página na internet. Toda organização tem que ter um site, simples, mas completo, que disponha das informações mínimas, como missão, visão, equipe, formas de contato etc. É importante ter também um botão de doação sempre visível. 2 - Quem é a equipe da organização? E, principalmente, quem forma o corpo dirigente dela? Todos os mantenedores ou interessados devem ter acesso à informação sobre quem dirige a instituição, para que confiem na gestão e na sua liderança. Os nomes dos Conselhos de Administração (ou Deliberativo), Conselho Fiscal e dos Diretores deve constar no site e estar sempre atualizados. 3 - A sua organização tem relatório de atividades anual? Tem que ter, e tem que divulgar. Um relatório de atividades é um documento completo que mostra as atividades desenvolvidas pela organização e seus resultados alcançados, o perfil do seu público, os seus parceiros, os seus números. E é visualmente bonito. Um relatório de atividades é um documento de prestação de contas para a comunidade e a sociedade, e é também um documento para captação de recursos. 4 - Já vi muitas instituições que se recusam a divulgar seus números financeiros. Usam o argumento de que não podem, que há concorrência, as outras saberiam dos dados delas. Este argumento é falacioso. Se é uma organização da sociedade civil, que tem finalidade pública – uma causa, um grupo, uma bandeira – não se pode pensar desta forma. É preciso ser transparente. E isso significa colocar, pelo menos no site, e no seu relatório de atividades, os números da organização, um Demonstrativo de Resultados do ano, o balanço atualizado. Se eu estou contribuindo ou doando recursos, eu quero saber como o meu dinheiro está sendo aplicado, e quero ver que está sendo bem utilizado, para continuar contribuindo mais e mais, e por muito mais tempo. 5 - E há algo muito, muito simples, e que muitas vezes é deixado de lado pelas organizações: é importante manter comunicação direta com seus mantenedores e com toda a comunidade. Vale fazer um informativo periódico, mesmo que apenas mensal, mesmo que seja eletrônico, mas deve-se realmente comunicar com frequência o que a organização está fazendo, como as conquistas obtidas e, às vezes, até as dificuldades superadas. Isso dá legitimidade inclusive para novos pedidos de contribuição, quando a organização precisa reforçar o seu trabalho de captação e ampliar os recursos. E, como já diria Chacrinha, “quem não se comunica, se estrumbica”, e a comunicação pode ser feita via boletins eletrônicos, jornais, revistas, informativos semanais, etc. Muito bem. Site, conselhos, relatório de atividades, balanços e informativos periódicos. Cinco importantes ações que uma organização tem que desenvolver para ser transparente para com seus mantenedores, doadores e a comunidade. Cinco ações que vão torná-la mais forte e preparada para ampliar sua captação de recursos, e conseguir impactar ainda mais o país de forma permanente e sustentável. Não dá para fugir delas, não dá para não ser transparente no Terceiro Setor. É pressuposto, é obrigação. E é o que querem a comunidade, os mantenedores e os doadores, e por isso tem que ser prioridade também das entidades. Finalmente, se queremos que o governo, a mídia e outros setores da sociedade entendam e respeitem as organizações da sociedade civil, temos que primeiro dar o exemplo, até para que seja possível separar, verdadeiramente, as organizações sérias e dedicadas (a maioria) das que mancham a imagem do setor (uma pequena minoria). E ser transparente é a primeira diferença entre elas. Fonte: Instituto Filantropia [caption id="attachment_5628" align="alignnone" width="351"]TRANSPARÊNCIA TRANSPARÊNCIA É OBRIGAÇÃO DE TODOS[/caption]