Os Eventos, da Antiguidade às Universidades

Publicado por Marco Navega em 20 de abril de 2015
Eventos são cada vez mais frequentes na sociedade moderna, e se tornaram parte integrante do nosso meio cultural.  Pela sua diversidade e abrangência, os efeitos e benefícios proporcionados pelos Eventos são igualmente complexos e visíveis. [Por Antonia Marisa Canton*, Diário do Turismo, 20/04/2015], Já na remota antiguidade, XXII a.C, surge a primeira manifestação organizada, os jogos olímpicos, devidamente retrata na Ilíada grega. A partir daí, outros eventos vieram perpetuar  por épocas suas histórias, justificando edificações apropriada, a  presença de inúmeros cerimoniais, com finalidade comemorativa, de transmissão de conhecimentos e ou hierarquias. Assim se fortalecia a cultura e os domínios de cada povo. No Brasil, a partir da carta escrita por Pero Vaz de Caminha a Portugal, onde foi relatada a clara descontração entre os nativos e os portugueses, refletida nas trocas de objetos que realizavam, chegamos após três dias, à primeira reunião pública organizada, quando o Frei Henrique reza a primeira missa no país. Ainda no sec. XVI encontramos as festas devotas, em que os eventos essencialmente religiosos, tiveram papel político preponderante. No sec. XVII, as cavalhadas, a estilo de Portugal, trouxeram o estilo medieval às festas, por meio do qual o povo vibrava junto as conquistas dos nobres portugueses. No período do domínio holandês, e com a entrada dos escravos africanos, as manifestações festivas no Brasil passaram por algumas modificações. Na década de 1640, quando  holandeses e portugueses já tinha feito as pazes, Mauricio de Nassau, importante ícone das festividades brasileiras, celebrou o entendimento entre as nações com uma festa nos moldes medievais, porém com influência portuguesa das corridas de argolinhas, o torneio ficou marcado pela indireta rivalidade que havia entre os  portugueses e holandeses. No século XVIII surge uma moderna forma de evento público: o desfile sobre rodas de alegorias barrocas, porem ainda com caráter religioso. Através de ruidosos corsos, enredos eram montados cenograficamente sobre carroça. Com o tempo, surgem para os magníficos desfiles com Carros Alegóricos fabricados na Casa do Trem no Rio de Janeiro. As festas populares acontecem somente no sec. XIX, por meio de diversões burguesas, das festas carnavalescas, bailes públicos e os espetáculos do teatro musicado. Em 1808, com a chegada da Família Real Portuguesa se inicia um período de realização de magníficas festas e condecorações. Temos como claro que os Eventos transcendem a simples questão da operacionalização de procedimentos sequenciais de um processo. Contamos, atualmente, no alicerce de seu estudo, com profícua literatura sobre estruturação, planejamento, administração, produção e protocolos para os mais diversos tipos de eventos, além de pesquisas recentes à luz dos conceitos da hospitalidade, e de seu importante poder social, econômico e político, junto à sociedade. E, nesse contexto, é que se aportam as universidades, investindo no conhecimento apurado e pesquisas inovadoras junto ao setor, ao mesmo tempo que mobilizam os jovens ao engajamento produtivo e sustentável junto ao mercado profissional dos eventos em nosso país. Os cursos disponíveis em Eventos, em várias universidades do Brasil, vão da Graduação, à Pós Graduação, passando pelos de Formação Tecnológica, e pelos Cursos voltados à capacitação de executivos, conhecidos como de Educação Continuada. Além dos Cursos voltados especificamente aos Eventos, seu estudo tem sido alvo de disciplina dos Cursos de Graduação em Comunicação Social: Propaganda/ Publicidade, Marketing, Editoração, Jornalismo, Relações Públicas e Turismo. Recentemente, alguns Cursos de Administração de Empresas, adotaram a disciplina Eventos em seus currículos, onde ele é estudado enquanto meio estratégico para negócios e oportunidades empresariais. Diante da dinâmica realidade, acreditamos que além da necessidade de expertise de mercado, buscando novas soluções, novos conteúdos e novos talentos, existe, por outro lado, a competitividade profissional, cada vez mais visível e dinâmica, fazendo-nos manter sempre atentos quanto à necessidade de capacitação e aperfeiçoamento sistemático de nossas funções, como forma de superar metas e criar novos caminhos. E, nessas circunstancias, conforme diz o sábio ditado: “Nada mais prático do que uma boa teoria”, e para o qual acrescentamos outro: “Ninguém tropeça na montanha, mas nos detalhes do caminho.” (*) Antonia Marisa Canton é Profª Doutora pela ECA/USP, docente na FGV/SP e Membro Diretor da Academia Brasileira de Eventos e Turismo.